Deterioração de Prótese Valvar Aórtica
Classificação VARC-3
Estágio 1
Deterioração morfológica valvar:
Evidência de deterioração valvar estrutural, disfunção valvar/não estrutural (exceto leak paraprotético ou mismatch), trombose ou endocardite sem mudanças hemodinâmicas significativas
Estágio 2
Moderada deterioração hemodinâmica valvar:
↑Δ grad. médio ≥ 10 mmHg com grad. médio ≥ 20 mmHg + ↓Δ OEA ≥ 0,3 cm² ou ≥ 25% e/ou ↓Δ DVI ≥ 0,1 ou ≥ 20%
ou
Nova ocorrência ou ↑Δ 1 grau de IAo protética, resultando em IAo de grau ≥ moderado
Estágio 3
Importante deterioração hemodinâmica valvar:
↑Δ grad. médio ≥ 20 mmHg com grad. médio ≥ 30 mmHg + ↓Δ OEA ≥ 0,6 cm² ou ≥ 50% e/ou ↓Δ DVI ≥ 0,2 ou ≥ 40%
Nova ocorrência ou ↑Δ 2 grau de IAo protética, resultando em IAo de grau importante
📌 Legenda
↑Δ = Aumento do parâmetro
↓Δ = Diminuição do parâmetro
OEA = Área do Orifício Efetivo
DVI = Índice de Velocidade Doppler
IAo = Insuficiência Aórtica
grad. = Gradiente
📋 Classificação Detalhada - Deterioração de Prótese Valvar Aórtica
Parâmetro Normal Possível obstrução Obstrução significativa
Qualitativa
Estrutura e movimento de prótese Normal Frequentemente anormal* Anormal*
Envelope do fluxo transprotético ao Doppler espectralb Pico triangular, precoce Triangular a intermediário Completo, simétrico
Semi-quantitativa
Tempo de aceleração (ms)b < 80 80 - 100 > 100
Tempo de aceleração / Tempo de ejeção VE < 0,32 0,32 - 0,37 > 0,37
Quantitativa
Fluxo-dependente
Velocidade de pico (m/s)c,d < 3 3 - 4 ≥ 4
Gradiente médio (mmHg)c,d < 20 20 - 35 ≥ 35
Aumento no gradiente médio durante eco de estresse < 10 10 - 20 > 20
Aumento no gradiente médio durante acompanhamento < 5 5 - 9 ≥ 10
Fluxo-independente
Área efetiva de orifício (cm²)c,e > 1,1 0,8 - 1,1 < 0,8
Medida AEO vs. valor normal de referênciaa Referência ± 1SD < Referência - 1SD < Referência - 2SD
Diferença (medida AEO – AEO de referência) (cm²)c < 0,25 0,25 - 0,35 > 0,35
Índice de velocidade Dopplerc,e ≥ 0,35 0,25 - 0,35 < 0,25
Notas:
a Consultar Tabela 7 para valores normais de referência para a área efetiva do orifício
b Melhor avaliado por Doppler contínuo da posição apical
c Valores dependentes do tamanho da prótese valvar
d Valores derivados de múltiplos tipos de próteses
e Esses parâmetros podem ser difíceis de calcular por causa de angulação e/ou outros fatores e podem não ser reproduzíveis
* Frequentemente anormal = espessamento, calcificação, restrição de movimento; Anormal = espessamento grave, calcificação extensa, restrição grave de movimento
💡 Importantes Considerações Clínicas
1. Avaliação Multiparamétrica: A classificação da deterioração deve considerar múltiplos parâmetros, não apenas um isolado.

2. Comparação com Exames Prévios: A detecção de mudanças ao longo do tempo é essencial para o diagnóstico de deterioração.

3. Contexto Clínico: Os achados devem ser sempre interpretados considerando a condição clínica do paciente.

4. Valores Basais: Idealmente, deve-se ter um ecocardiograma basal pós-implante para comparação futura.