Valva Aórtica - Graduação
❤️ Avaliação da Valva Aórtica

A valva aórtica é responsável por impedir o refluxo de sangue da aorta para o ventrículo esquerdo durante a diástole. Suas principais doenças são a Estenose Aórtica (dificuldade de abertura) e a Insuficiência Aórtica (fechamento inadequado).

A ecocardiografia é o método de escolha para avaliação e graduação da severidade destas lesões valvares, utilizando múltiplos parâmetros hemodinâmicos e anatômicos.

🧮 Calculadora de Área Valvar Aórtica
cm
cm
cm
Área Valvar Aórtica:
0.00 cm²
Interpretação:
📐 Fórmula da Equação da Continuidade
Área Valvar = (π × (D/2)² × VTI VSVE) / VTI Aorta

Classificação:
• Normal: > 3,0 cm²
• Leve: 1,5 - 2,0 cm²
• Moderada: 1,0 - 1,5 cm²
• Grave: < 1,0 cm²
📏 Calculadora de Área Valvar Indexada
cm²
Área Valvar Indexada:
0.00 cm²/m²
Interpretação:
📐 Fórmula
Área Indexada = Área Valvar / Superfície Corporal

Classificação:
• Normal: > 1,5 cm²/m²
• Leve: 0,85 - 1,0 cm²/m²
• Moderada: 0,60 - 0,85 cm²/m²
• Grave: < 0,60 cm²/m²

Especialmente importante em pacientes de baixa estatura ou alto peso
📊 Classificação da Severidade da Estenose Aórtica
Parâmetro Leve Moderada Grave
Área Valvar (cm²) > 1.5 1.0 - 1.5 < 1.0
Área Valvar Indexada (cm²/m²) > 0.85 0.60 - 0.85 < 0.60
Velocidade Máxima (m/s) < 3.0 3.0 - 4.0 > 4.0
Gradiente Médio (mmHg) < 25 25 - 40 > 40
Gradiente Máximo (mmHg) < 40 40 - 64 ≥ 64
📖 Parâmetros Explicados
Área Valvar: Calculada pela equação de continuidade. É o parâmetro mais importante e menos dependente de função ventricular e fluxo.

Área Indexada: Área valvar dividida pela superfície corporal. Mais precisa em pacientes de tamanho corporal extremo.

Velocidade Máxima: Medida por Doppler contínuo no jato transvalvar aórtico. Correlaciona-se com a severidade.

Gradiente Médio: Diferença de pressão média entre VE e aorta durante a sístole. Dependente do débito cardíaco.

Gradiente Máximo: Pico instantâneo de gradiente. Menos utilizado que o gradiente médio para classificação.
🚨 Estenose Aórtica Grave
Indicações de Intervenção (Cirurgia ou TAVI):
• Pacientes sintomáticos (angina, síncope, dispneia)
• Fração de ejeção < 50%
• Cirurgia cardíaca indicada por outra razão
• Teste de esforço positivo (sintomas ou queda de PA)
• BNP ou NT-proBNP muito elevados

Opções: Troca valvar cirúrgica (TAVI) ou transcateter (TAVI/TAVR)
⚠️ Estenose Aórtica de Baixo Fluxo-Baixo Gradiente
Situação especial: Área valvar < 1.0 cm² MAS gradiente médio < 40 mmHg

Ocorre em:
• Disfunção sistólica do VE (FE < 50%)
• Baixo débito cardíaco
• Estenose paradoxal (FE preservada, VE pequeno)

Avaliar: Ecocardiograma de estresse com dobutamina, TC de cálcio valvar, considerar cateterismo.
📊 Classificação da Severidade da Insuficiência Aórtica
Parâmetro Leve Moderada Grave
Largura do Jato (% VSVE) < 25% 25% - 64% ≥ 65%
Vena Contracta (mm) < 3 3 - 6 > 6
Pressure Half-Time (ms) > 500 200 - 500 < 200
Volume Regurgitante (mL) < 30 30 - 59 ≥ 60
Fração Regurgitante (%) < 30% 30% - 49% ≥ 50%
Área do Orifício Regurgitante (cm²) < 0.10 0.10 - 0.29 ≥ 0.30
📖 Parâmetros Explicados
Largura do Jato: Proporção entre a largura do jato regurgitante (mapeamento de fluxo em cores) e o diâmetro da VSVE.

Vena Contracta: Diâmetro da porção mais estreita do jato regurgitante, medida logo após o orifício. É um parâmetro simples e reprodutível.

Pressure Half-Time (PHT): Tempo que o gradiente diastólico leva para cair pela metade. Quanto MENOR, mais grave (refluxo rápido = IAo importante).

Volume Regurgitante: Volume de sangue que retorna ao VE a cada batimento.

Fração Regurgitante: Percentual do volume ejetado que retorna ao VE.

Área do Orifício (EROA): Área efetiva do orifício regurgitante pelo método PISA.
🚨 Insuficiência Aórtica Grave
Indicações de Cirurgia (Troca Valvar):
• Pacientes sintomáticos
• Assintomáticos com FE ≤ 50%
• Dilatação importante do VE:
  - DDVE > 70 mm ou > 40 mm/m² (indexado)
  - DSVE > 50 mm ou > 25 mm/m² (indexado)
• Cirurgia da aorta ascendente indicada
• IAo progressiva com redução da FE em seguimento

Monitoramento rigoroso em assintomáticos com IAo grave e função preservada.
✅ Sinais Complementares de IAo Grave
Sinais Doppler:
• Fluxo holodiastólico reverso na aorta descendente
• Sinal de "bico de pato" do fluxo mitral (fechamento prematuro da mitral)

Achados anatômicos:
• Dilatação do VE (DDVE e DSVE aumentados)
• Hipertrofia excêntrica do VE
• Dilatação da raiz aórtica (avaliar para cirurgia da aorta)
• Movimento anormal do folheto mitral (flail ou prolapso por jato de IAo)
📝 Observações Importantes
⚠️ Considerações Gerais
1. Use múltiplos parâmetros: Nenhum parâmetro isolado é perfeito. A classificação deve ser baseada na integração de todos os dados.

2. Qualidade técnica: Janelas ecocardiográficas adequadas e alinhamento correto do Doppler são essenciais para medidas precisas.

3. Contexto clínico: Sempre correlacione os achados ecocardiográficos com sintomas, exame físico e outros exames complementares.

4. Lesões combinadas: Estenose + Insuficiência aórtica concomitantes requerem avaliação cuidadosa de ambas as lesões.

5. Seguimento: IAo e EAo graves assintomáticas requerem seguimento regular com eco a cada 6-12 meses para detectar progressão.
💡 Dicas para o Laudo
Para Estenose Aórtica:
• Sempre relatar área valvar e gradiente médio
• Mencionar função do VE (pode alterar gradientes)
• Descrever calcificação valvar
• Em casos de baixo gradiente, comentar sobre possível pseudo-estenose

Para Insuficiência Aórtica:
• Usar preferencialmente vena contracta (simples e reprodutível)
• Descrever mecanismo (dilatação da raiz, lesão do folheto, endocardite, etc.)
• Avaliar repercussão no VE (tamanho e função)
• Medir raiz aórtica e aorta ascendente (dilatação pode precisar cirurgia)