Ao contrário da pericardite constritiva, na cardiomiopatia restritiva, a interdependência ventricular não está significativamente aumentada. Isso ocorre porque o problema está no miocárdio e não no pericárdio, mantendo a influência do ciclo respiratório sobre os fluxos valvares dentro dos limites normais.
Parâmetros: Variação do fluxo mitral durante a respiração <15% (normal)
Observação clínica: Este é um achado crucial para diferenciar da pericardite constritiva, onde a variação respiratória é marcadamente exagerada (>25%).
Na cardiomiopatia restritiva, o Doppler tecidual mostra velocidades diastólicas precoces (e') reduzidas globalmente, mantendo o padrão normal onde a velocidade lateral é maior que a septal (e' lateral > e' septal).
Significado: Este padrão normal (mas com valores reduzidos) reflete a disfunção miocárdica difusa, em contraste com o "annulus reversus" da pericardite constritiva, onde e' septal > e' lateral.
Valores típicos: e' septal <7 cm/s, e' lateral <10 cm/s, mantendo a relação normal e' lateral > e' septal.
Na cardiomiopatia restritiva, observa-se uma relação E/e' média elevada (>14), refletindo pressões de enchimento ventricular esquerdo aumentadas. Este achado é consistente com o padrão esperado em condições de disfunção diastólica significativa.
Explicação: Como as velocidades e' estão reduzidas devido à disfunção miocárdica, enquanto a onda E do fluxo mitral permanece elevada devido às altas pressões de enchimento, a relação E/e' torna-se elevada.
Relevância clínica: Diferente do "annulus paradoxus" da pericardite constritiva, onde E/e' é <14 apesar das pressões de enchimento elevadas.
Na cardiomiopatia restritiva, não se observa o fluxo diastólico reverso em veia hepática durante a expiração que é característico da pericardite constritiva.
Explicação: A ausência deste achado ocorre porque, na cardiomiopatia restritiva, não há a acentuada interdependência ventricular causada pelo pericárdio constritivo, que na pericardite leva ao refluxo hepatovenoso durante a expiração.
A velocidade de propagação do fluxo mitral (Vp), medida por modo-M colorido, está reduzida (<50 cm/s) na cardiomiopatia restritiva, com uma relação E/Vp elevada (>2,5).
Significado fisiopatológico: Reflete o relaxamento ventricular prejudicado, característico da doença miocárdica, em contraste com a preservação do relaxamento na pericardite constritiva (Vp >100 cm/s).
Relevância diagnóstica: Um dos critérios mais úteis para diferenciar cardiomiopatia restritiva de pericardite constritiva.
Marque os achados ecocardiográficos presentes no exame do paciente:
A cardiomiopatia restritiva é uma doença do miocárdio caracterizada pelo preenchimento anormal e limitado dos ventrículos durante a diástole, com função sistólica geralmente preservada. Resulta de uma redução na complacência miocárdica, levando a pressões diastólicas elevadas.
| Classificação | Causas | Exemplos específicos |
|---|---|---|
| Infiltrativa | Amiloidose | Amiloidose AL (primária), AA (secundária), ATTR (hereditária ou senil) |
| Sarcoidose | Granulomas cardíacos | |
| Doença de Gaucher | Acúmulo de glucocerebrosídeo | |
| Doença de Fabry | Acúmulo de globotriaosilceramida | |
| De armazenamento | Hemocromatose | Sobrecarga de ferro cardíaca primária ou secundária |
| Doença de glicogênio | Deficiência de enzimas do metabolismo do glicogênio | |
| Fibrótica | Fibrose endomiocárdica | Comum em regiões tropicais |
| Síndrome hipereosinofílica | Doença de Löffler | |
| Não classificada | Idiopática | Diagnóstico de exclusão |
| Outros | Causas diversas | Escleroderma, radioterapia, antraciclinas, diabetes |
O diagnóstico diferencial entre cardiomiopatia restritiva e pericardite constritiva é um desafio clínico importante, pois ambas podem apresentar quadros clínicos semelhantes, mas têm tratamentos radicalmente diferentes. A pericardite constritiva pode ser tratada cirurgicamente, enquanto a cardiomiopatia restritiva geralmente exige tratamento médico.
| Parâmetro | Cardiomiopatia Restritiva | Pericardite Constritiva |
|---|---|---|
| Velocidade do anel mitral (e') | Reduzida (<8 cm/s) | Normal ou aumentada (>8 cm/s) |
| Relação e' septal/e' lateral | e' lateral > e' septal (padrão normal) | e' septal > e' lateral (annulus reversus) |
| Relação E/e' | Elevada (>14) | Normal ou baixa (<14) |
| Variação respiratória do fluxo mitral | <15% | >25% |
| Velocidade de propagação (Vp) | <50 cm/s | >100 cm/s |
| Espessura do pericárdio | Normal (<3 mm) | Aumentada (>3 mm) |
| PDFVD-PDFVE | > 5 mmHg | < 5 mmHg |
| Átrios | Dilatação acentuada frequente | Dilatação menos pronunciada |
Em alguns casos, pode haver sobreposição de características:
Nestes casos, pode ser necessário:
💡 Aviso Importante: Este aplicativo foi desenvolvido para fins educacionais. As informações fornecidas não substituem o julgamento clínico de profissionais de saúde qualificados. Sempre consulte um cardiologista ou especialista para diagnóstico e tratamento adequados.