Escore de Wilkins - Valva Mitral
🩺 O que é o Escore de Wilkins?

O Escore de Wilkins (também conhecido como Escore de Block-Wilkins) é uma ferramenta ecocardiográfica utilizada para avaliar a anatomia da valva mitral em pacientes com estenose mitral reumática.

Este escore ajuda a determinar se o paciente é um bom candidato para valvuloplastia mitral percutânea por balão, um procedimento menos invasivo que a cirurgia cardíaca aberta.

📊 Como funciona?
O escore avalia 4 componentes da anatomia da valva mitral, cada um recebendo uma pontuação de 1 a 4 pontos:

1. Mobilidade valvar
2. Espessamento valvar
3. Calcificação
4. Aparelho subvalvar

Pontuação total: 4 a 16 pontos
🧮 Calculadora do Escore de Wilkins
1 Mobilidade Valvar
Avalia o grau de movimentação dos folhetos da valva mitral durante o ciclo cardíaco.
1 ponto Mobilidade preservada
Valva altamente móvel com limitação apenas nas bordas dos folhetos
2 pontos Mobilidade discreta a moderadamente reduzida
Partes médias e base dos folhetos têm mobilidade normal
3 pontos Mobilidade muito reduzida
Valva continua a mover-se para frente na diástole, principalmente pela base
4 pontos Mobilidade mínima ou ausente
Mínimo ou nenhum movimento valvar para frente na diástole
2 Espessamento Valvar
Avalia a espessura dos folhetos da valva mitral ao eco.
1 ponto Folhetos normais (4-5 mm)
Folhetos finos e próximos do normal
2 pontos Espessamento mediano nas bordas
Espessamento discreto, mas partes médias normais (5-8 mm)
3 pontos Espessamento até as bordas
Espessamento em toda a extensão dos folhetos (8-10 mm)
4 pontos Espessamento acentuado
Espessamento considerável de todo o tecido valvar (>10 mm)
3 Calcificação
Avalia a presença e extensão de calcificação nos folhetos mitrais.
1 ponto Ausência de calcificação
Valva sem áreas de brilho intenso ao eco
2 pontos Pontos de brilho intenso isolados
Áreas isoladas e brilhantes confinadas às bordas dos folhetos
3 pontos Calcificação nas margens
Brilho intenso estendendo-se até as porções médias dos folhetos
4 pontos Calcificação extensa
Brilho intenso em maior parte do tecido valvar
4 Aparelho Subvalvar
Avalia o grau de espessamento e encurtamento das cordas tendinosas e músculos papilares.
1 ponto Normal
Espessamento mínimo junto às cordas. Espaços intercordais normais
2 pontos Espessamento discreto
Espessamento até 1/3 do comprimento das cordas
3 pontos Espessamento até os músculos papilares
Espessamento até o terço distal das cordas até os músculos papilares
4 pontos Fusão e encurtamento extenso
Espessamento extenso e encurtamento de todo o aparelho cordal até os músculos papilares
Escore de Wilkins Total
0
pontos
Interpretação
Aguardando cálculo...
🔄 Mobilidade: -
📏 Espessamento: -
💎 Calcificação: -
🔗 Aparelho Subvalvar: -
📊 Classificação da Severidade da Estenose Mitral
Parâmetro Leve Moderada Grave
Área Valvar (cm²) > 2.5 2.5 - 1.6 ≤ 1.5
Pressure Half-Time (ms) < 100 100 - 149 ≥ 150
Gradiente Médio (mmHg) < 5 5 - 9 ≥ 10
Pressão Sistólica da
Artéria Pulmonar (mmHg)
< 30 30 - 49 ≥ 50
📖 Como Usar Esta Tabela
Área Valvar: É o parâmetro mais importante. Calculada por planimetria ou pelo método do Pressure Half-Time (PHT).

Pressure Half-Time: Tempo (em milissegundos) que o gradiente diastólico leva para cair pela metade. Quanto maior, mais grave a estenose.

Gradiente Médio: Diferença de pressão média entre o átrio e ventrículo esquerdo durante a diástole.

Pressão Pulmonar: Estimada pelo jato de regurgitação tricúspide. Indica repercussão hemodinâmica.

⚠️ Importante: A classificação deve levar em conta TODOS os parâmetros. Em caso de discordância, a área valvar tem maior peso na decisão clínica.
🚨 Estenose Mitral Grave
Indicações de Intervenção:
• Sintomas (dispneia, fadiga, edema)
• Hipertensão pulmonar (PSAP > 50 mmHg)
• Área valvar ≤ 1.5 cm²
• Fibrilação atrial de início recente

Opções terapêuticas: Valvuloplastia percutânea (se anatomia favorável - Wilkins ≤ 8) ou cirurgia (plastia/troca valvar).
📊 Classificação da Severidade da Insuficiência Mitral
Parâmetro Leve Moderada Grave
Largura do Jato
(% do Átrio Esquerdo)
< 20% 20% - 40% > 40%
Vena Contracta (mm) < 3 3 - 6.9 ≥ 7
Volume Regurgitante (mL) < 30 30 - 59 ≥ 60
Fração Regurgitante (%) < 30% 30% - 49% ≥ 50%
Área do Orifício Regurgitante
(EROA) (cm²)
< 0.20 0.20 - 0.39 ≥ 0.40
Fluxo Venoso Pulmonar Sistólico
dominante
Redução do
fluxo sistólico
Reversão
sistólica
📖 Parâmetros Explicados
Largura do Jato: Proporção entre a área do jato regurgitante (mapeamento de fluxo em cores) e a área do átrio esquerdo. Método simples, mas menos preciso.

Vena Contracta: Diâmetro da porção mais estreita do jato regurgitante. É um parâmetro simples, reprodutível e relativamente independente de condições hemodinâmicas.

Volume Regurgitante: Volume de sangue que retorna ao átrio esquerdo a cada batimento. Calculado por métodos quantitativos (PISA ou método volumétrico).

Fração Regurgitante: Percentual do volume ejetado pelo VE que retorna ao átrio esquerdo.

EROA (Effective Regurgitant Orifice Area): Área efetiva do orifício regurgitante. Considerado o "padrão-ouro" para quantificação, calculado pelo método PISA.

Fluxo Venoso Pulmonar: Avaliado por Doppler pulsado nas veias pulmonares. Reversão sistólica é altamente específica de IM grave.
🚨 Insuficiência Mitral Grave
Indicações de Cirurgia:
• Pacientes sintomáticos (dispneia, fadiga, edema pulmonar)
• Assintomáticos com disfunção sistólica do VE (FE ≤ 60%)
• Assintomáticos com dilatação do VE (DSVE ≥ 40 mm)
• Fibrilação atrial de início recente
• Hipertensão pulmonar (PSAP > 50 mmHg)
• Cirurgia cardíaca indicada por outra razão

Opções terapêuticas:
Plastia mitral (preferível, especialmente em IM degenerativa)
Troca valvar (biológica ou mecânica)
MitraClip percutâneo (em casos selecionados, especialmente IM funcional com alto risco cirúrgico)
💡 Classificação por Mecanismo
IM Primária (Orgânica/Degenerativa):
• Prolapso mitral (degeneração mixomatosa)
• Endocardite infecciosa
• Doença reumática
• Ruptura de corda tendínea

IM Secundária (Funcional):
• Dilatação do VE (cardiomiopatia dilatada)
• Isquemia/infarto (disfunção de músculo papilar)
• Remodelamento do VE

⚠️ Importante: A indicação cirúrgica e o prognóstico podem variar conforme o mecanismo. IM secundária tem pior prognóstico e indicação cirúrgica mais controversa.
✅ Sinais Adicionais de IM Grave
Sinais Doppler:
• Jato central denso e extenso ao mapeamento
• Fluxo sistólico reverso nas veias pulmonares
• Onda E mitral elevada (> 1.2 m/s)
• Doppler tecidual do anel mitral aumentado

Achados estruturais:
• Dilatação do átrio esquerdo
• Dilatação do ventrículo esquerdo
• Visualização de prolapso ou flail de folheto
• Ruptura de corda tendínea visível

⚠️ Atenção: A presença de múltiplos critérios aumenta a certeza diagnóstica. Use sempre uma abordagem integrada!
📚 Interpretação do Escore de Wilkins

✅ Escore ≤ 8 pontos - FAVORÁVEL

Anatomia favorável para valvuloplastia mitral percutânea por balão.
Sucesso esperado: > 90%
Taxa de reestenose: Baixa (< 10% em 3-5 anos)

⚠️ Escore 9-11 pontos - INTERMEDIÁRIO

Resultado intermediário. Pode-se considerar o procedimento, mas com ressalvas.
Sucesso esperado: 70-85%
Maior risco de: Complicações e reestenose precoce

❌ Escore ≥ 12 pontos - DESFAVORÁVEL

Anatomia desfavorável para valvuloplastia mitral percutânea.
Sucesso esperado: < 60%
Recomendação: Considerar cirurgia de troca valvar mitral
📖 Observações Importantes
• O escore de Wilkins deve ser combinado com outros fatores como idade, regurgitação mitral e presença de trombo atrial
• Pacientes com calcificação importante têm pior prognóstico
• A presença de regurgitação mitral ≥ 2+ pode contraindicar o procedimento
Fibrilação atrial e trombo atrial são contraindicações relativas